E causa:: volta com a mais popular das colunas (essa coisa chama “coluna”..? Socorro, alguém que entenda do assunto!!!): “Uma sistema de armas as terças”, para quem já se deliciou com “Uma moça às segundas“, lá no PD. Sinceramente? A moça é jóia, mas sou mais o tanque… Divirtam-se!
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Em 1943, o Departamento de Projetos de Tanques do Exército britânico foi consultado sobre um novo tanque pesado, designado A41. A preocupação maior do alto comando era a ameaça dos canhões alemães de 88 mm, e o Ministério da Guerra demandava um aumento da resistência geral, confiabilidade, e a capacidade de resistir ao impacto direto de um “eight-eight“. Tudo isso sem superar o peso de 40 t – capacidade máxima das carretas de transporte usadas na época…
O DPT respondeu apresentando um desenho no qual uma suspensão de seis rodetes de retorno, em que o espaço entre o segundo e o terceiro rodetes era aumentado. A suspensão adotada foi do tipo Horstman, com molas horizontais externas. O casco foi desenhado em torno da blindagem inclinada (sloop armor) preparado para receber uma torre parcialmente fundida montando um canhão de alta velocidade e 76,2 mm (“17 libras”, na referência inglesa). A planta de potência era a Rolls-Royce Meteor, uma versão para tanques do motor Merlin de 20 cilindros.
Logo ficou claro que um veículo de 40 toneladas ,não seria capaz de resistir a impactos de 88 mm. Fora isso, o desenho mostrou-se soberbo, nos testes, de modo que o projeto de uma versão mais pesada logo foi iniciado. O A41 mostrava ter a resistência dos tanques de infantaria e a velocidade e agilidade dos tanques-cruzadores. Seu desempenho acabou convencendo o alto comando britânico a criar designação de “tanque universal”, que eliminava a diferença entre os dois tipos de veículo. O protótipo de 40 t foi denominado “Centurion Mark I”.
O Mark I apresentava certas características de desenho que o igualavam ao Pantera alemão e ao T-34 soviético: blindagem muito dura com desenho sloop em todas as superfícies frontais, e uma torre com forte proteção. Ainda assim, mostrou-se razoavelmente veloz e muito manobrável. Logo surgiu uma versão Mark II, com blindagem aumentada. Foi essa versão que entrou em produção de série, embora não a tempo para participar de qualquer das frentes da Segunda Guerra Mundial.
Pouco antes da entrada em serviço, a Real Fábrica de Artilharia completou os testes de um canhão de 84 mm (“20 libras”), que se mostrou extremamente potente. Esse foi o armamento principal da versão Mark III do Centurion, montado numa torre totalmente fundida. A nova versão também incorporou um sistema de estabilização automatizado para o canhão, de modo a possibilitar tiros mais precisos em movimento, motor mais potente e novo sistema de pontaria. A produção do Mark III começou em 1948-49, tornando-se a versão padrão do exército britânico.

Centurion Mk II em exposição no Museu Militar do Reduto, nos EUA
Em meados dos anos 1950, o aparecimento do tanque soviético T-54 levou a que os britânicos se convencessem da necessidade de redesenhar o Centurion, de modo a dota-lo da versão L/7 (para tanques) do canhão L/52 de 105 mm. Este projeto, completado poucos anos antes, se mostrou extremamente bem-sucedido. Todas as versões do tanque, nos vinte anos seguintes, utilizaram o canhão L/7 como armamento principal.
O Centurion foi produzido até 1962, e continuou em serviço, no exército britânico e nos países da Commonwealth até 1980. Variantes especializadas (veículos de engenharia de combate e de manutenção de campanha) estiveram na ativa até 1994. Os Centurions participaram da Guerra da Coréia e da Guerra do Vietnam (em unidades autralianas) e estiveram nos regimentos aquartelados na Alemanha durante a Guerra Fria. A versão de demolição viu ação na operação “Tempestade no Deserto”, em 1991.
Um lote de Centurions Mark III foi entregue a Israel em 1963, dos estoques ingleses. Até então, o principal tanque do inventário israeli era o Sherman M-50, norte-americano, que tinha passado por diversas adaptações locais. A opção pelo Centurion foi feita depois que os norte-americanos recusaram-se a fornecer os tanques M-48 Patton, capazes de fazer frente aos T-54 e T-55 entregues pela URSS aos exércitos do Egito e Síria.
As FDI tiveram, no início, grandes problemas de treinamento e manutenção com os Centurions. O sistema, projetado tendo em vista as condições européias, mostrou-se muito frágil para o tipo de terreno encontrado no Oriente Médio. As constantes falhas mecânicas acabaram por levar os israelis a recolherem todos os Centurions disponíveis e proceder uma completa reengenharia da parte mecânica. Além do mais, os próprios norte-americanos afirmavam que o canhão de 84 mm da versão Mark III era insuficiente para encarar a blindagem de mais de 100 mm dos novos tanques soviéticos. Em 1965, Israel adquiriu alguns M-48 da Alemanha e várias centenas de canhões L7 diretamente dos britânicos, peças instaladas nos Centurions. O resultado foi um tanque bastante diferente da versão original, razão pela qual foi re-designado de

- Concepção artística da primeira versão do Sh´ot, estando bem visível o canhão L/7
Sh´ot (“Açoite”) pelas FDI. Em 1966, as dificuldades financeiras britânicas os fizeram aceitar a participação de Israel no projeto do tanque de batalha (Main Battle Tank, ou MBT, em inglês) Chieftain. Além da participação no projeto, os ingleses abriram aos judeus a oportunidade de adquirir mais três centenas de Centurions Mark V disponíveis em seus estoques. Todos esses foram convertidos para a versão Sh´ot, e tiveram participação destacada na Guerra dos Seis Dias: os M-48 jordanianos foram amplamente derrotados pelos tanques israelis repotenciados. Depois da guerra, os M-48 e até mesmo os Sherman M-50 receberam o upgrade planejado para os Centurion. Por outro lado, a superioridade de desempenho do motor Continental instalado nos M-48 norte-americanos levou Israel a substituir a planta de potência original de seus Mark III e V por versões importadas desse motor.
Depois de 1967, entretanto, o governo britânico, seguindo a tendência européia, passou a não entregar sistemas de armas de última geração aos países do Oriente Médio. O resultado foi o cancelamento da participação de Israel no projeto do novo tanque de batalha britânico. Prevendo a dificuldade em conseguir, futuramente, armamento de primeira qualidade, o governo determinou que a indústria militar local iniciasse o projeto para dotar as FDI de um tanque totalmente fabricado nacionalmente. Essa foi a origem do projeto Merkava, mas enquanto este não era posto em serviço (o que só iria acontecer no início dos anos 1980), a solução foi a compra de todos os lotes disponíveis de Centurions, e do M-60 (uma versão muito melhorada do M-48) diretamente dos EUA.
A experiência militar de Israel resultou em diversas modificações nos aproximadamente 550 Centurions que passaram por suas unidades blindadas. A disponibilidade, pelos principais adversários árabes, dos mais modernos blindados do arsenal soviético obrigou a constantes respostas, em termos de modernização e aumento do armamento. Em meados dos anos 1990, dificilmente os projetistas do A41 de 1945 reconheceriam seu projeto; mesmo a silhueta do tanque tinha mudado fortemente. Foi nessa época que ampla disponibilidade do modelo local Merkava levou à retirada de serviço dos últimos Centurions.
O filminho a seguir é muito interessante, por mostrar as capacidades de manobra e velocidade do Centurion, e, no final, o método de pontaria desenvolvido pelos ingleses no final dos anos 1950 e que se tornou padrão até o surgimento dos telêmetros a laser.
http://www.youtube.com/watch?v=STSJdT2Ih_o