Um sistema de armas às terças:: Tupolev Tu-95/142 Bear


Duas notícias (copiadas do Pravda.ru) interessantes, talvez pelo exagero inerente…

Em 10 de agosto de 2007

A Força Aérea russa renovou os vôos longos de bombardeiros estratégicos sobre as águas do Pacífico e Atlântico. As missões têm vários objetivos e são realizados de dia e de noite. Na quarta-feira dois aviões Tu-95MS sobrevoaram a ilha Guam , onde está localizada a base militar dos EUA.

“Renovamos nossa tradição quando nossos jovens pilotos sobrevoaram Guam em dois aviões , disse o comandante da Força aérea rusa o general Pavel Androsov, descreveu a interceptação dos caças americanos , dizendo que aeronaves estiveram táo próximas que houve contato visual entre os pilotos. “ Trocamos sorrisos com nossos colegas, que decolaram de um porta-aviões dos EUA. Então voltamos para casa”.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack, conseguiu comentar o evento só assim: “ O que é isso, é o “Bear” ?( o nome do Tu-95 segundo a classificação da Nato) E que, ainda voam neles? “, segundo a versão russa da Pravda.

Segundo o Androsov, os caças da Nato já tiveram bastante trabalho com interceptações de bombardeiros russos em diversos pontos do planeta.

“Dentro dos exercícios de verão foram efetuadas cerca de 40 missões de vôo, que foram realizadas por aviões Tupolev Tu-160, Tu-95, Tu-22 e Ilihushin Il-76t, disse o porta-voz da Força Aérea russa, Alexander Drobyshevski.

“Nas missões de vôo sobre as águas do Pacífico e do Atlántico, as aeronaves de nossa aviação estratégica estiveram acompanhados por caças da Nato.

Segundo Drobyshevski nas missões foram treinadas a interação com aviões de interceptação, a reposição de combustível durante o vôo e a simulação de superação de sistemas antiaéreos inimigos. Além disso , foram disparados simultaneamente vários mísseis de cruzeiro contra alvos no Ártico, ao norte da Rússia.

Em 18 de julho de 2007

O comandante-em-chefe da Força Aérea da Rússia, general Alexandr Zelin, desmentiu hoje (18) que os bombardeiros Tupolev-95 (Tu95) tenham tentado ontem invadir o espaço aéreo do Reino Unido.
“Nossos aviões cumpriam missões de vôos sobre águas neutras”, disse Zelin à agência “Interfax”.

Segundo informações da Efe o Ministério da Defesa do Reino Unido ontem mantinha no ar dois aviões da Real Força Aérea para interceptar dois bombardeiros Tu95 que voavam em direção à Escócia .

Segundo o porta-voz, os aviões russos não foram interceptados porque se afastaram e não entraram no espaço aéreo britânico, mas sim no da Noruega .

Zelin disse que o episódio nada tem a ver com a recente tensão diplomática entre Londres e Moscou. “Estes voos tem sido feitos e vão continuar de acordo com o nosso plano de treinos de tripulações de longo-alcance”, disse .

O incidente lembrou os piores tempos da Guerra Fria.

Mas, afinal de contas, quem é o protagonista desse “retorno da Guerra Fria? Um senhor que, apesar da idade, ainda parte corações de senhoras histéricas, ligadas a certos “clubes” atlânticos…

 

Mas não precisam ficar com ciúmes! Vamos conhecer melhor este senhor tão charmoso…

O Tupolev Tu-95 “Bear”. Este foi, talvez, o mais bem sucedido bombardeiro soviético, com uma longa carreira operacional numa variedade de missões e configurações. Foi o único bombardeiro do mundo que usava motores turbo-hélice, proporcionando-lhe grande autonomia e velocidade apenas um pouco menor que os bombardeiros a jato da mesma categoria.
O desenvolvimento do bombardeiro intercontinental Tu-95 começou no início dos anos 50, após o início da produção do Tu-4 “Bull”.

Tupolev Tu 142 em vôo, fotografado nos anos 1970

Inicialmente, vários desenhos foram considerados, incluindo modificações do Tu-4, e a construção de uma nova aeronave com motores a pistão. Protótipos dessas aeronaves foram testados entre 1949 e 1951, mas concluiu-se que aeronaves com motores a pistão não teriam performance suficiente para missões intercontinentais.

O TU-4 foi projetado no final da Segunda Guerra Mundial, como uma “cópia-carbono” soviética do Boeing B-29. O projeto tornou-se possível depois que um desses bombardeiros norte-americanos, retornando de uma missão contra o Japão, teve de fazer um pouso de emergência em território soviético. As autoridades se recusaram a liberar o aparelho, e ainda acusaram o piloto de espionagem. Stalin ordenou que o avião fosse copiado e dessa cópia resultou o TU-4 “Bull”.

Os rápidos desenvolvimentos da aviação a jato, depois da Segunda Guerra Mundial tornaram tanto o B-29 quanto seu clone soviético obsoletos. A URSS viu-se, no início dos anos 50, pressionada a produzir um novo avião, capaz de competir com o novo bombardeiro norte-americano B-36H, uma aeronave com seis motores e capacidade para 36,000 kg de bombas, que teria uma vida útil muito curta.

Em março de 1951 foi iniciado o desenvolvimento do bombardeiro de longo alcance M-4, propulsionado por quatro motores a jato. No entanto, o projetista-cefe, engenheiro Tupolev, não apoiou a construção de um avião com motores a jato, acreditando que os motores AM-3 propostos não possibilitariam um alcance maior que 10.000 km. Como uma alternativa, Tupolev propôs uma aeronave com motores turbo-hélice, que possibilitariam mais de 13.000 km de alcance, e velocidades acima de 800 km/h. O projeto foi então designado “95”.

O desenho das asas foi baseado na experiência adquirida no Instituto Central de Aero-hidrodinâmica (TSAGI), durante o desenvolvimento do Tu-16. As asas do “95” são enflechadas em um angulo de 35 graus, permitindo a instalação de um grande compartimento de bombas no centro de gravidade de aeronave. Os motores consistem de quatro turbo-hélices com hélices contra-rotativas. A grande dificuldade durante o desenvolvimento foram os motores. Após estudos de diferentes combinações e versões, o desenho final da aeronave incorporou quatro turboelices com uma potência de, aproximadamente, 10.000 hp. No fim dos anos 40, o motor mais potente disponível era o protótipo BK-2, que possuía significantemente menos potência (4.800 hp). No começo de 1950 o burô OKB-276 coordenado por Kuznetsov, desenvolveu o motor TV-2 e, logo em seguida, uma versão aperfeiçoada, o TV-2F, com 6.250 hp de potência. Estes motores equipariam os protótipos do Tu-95, cujas versões de linha deveriam receber o TV-12, em desenvolvimento.

tu142_3.jpg

Após considerar as propostas de Tupolev, em 11 de julho de 1951 foi aprovado o desenvolvimento da aeronave. Duas versões de pré-série foram produzidas: uma com oito motores TV-2F e outra com quatro TV-12. Em 1952, o primeiro protótipo, “95/1”, equipado com 8 TV-2F voou pela primeira vez em 12 de novembro de 1952, mas em 11 de maio de 1953 a aeronave foi destruída após um incêndio no motor. O segundo protótipo (“95/2”), com quatro TV-12 fez seu primeiro vôo em 16 de fevereiro de 1955.

A produção em série do Tu-95 começou em janeiro de 1956 e foi até o meio dos anos 90, surgindo durante esse meio tempo mais de 15 versões diferentes, desde vetores de mísseis de cruzeiro, aviões de alerta antecipado até aviões de comunicação entre submarinos.

A desvantagem do TU-95 decorre atualmente, da idade do projeto. Os seus poderosos motores de pás duplas, conseguem levar o avião a uma velocidade de 828 km/h, muito alta para um avião a hélice, mas que produz um nível de ruído consideravelmente alto. Isso torna a aeronave muito vulnerável a diversos tipos de sensores.

O número de aeronaves operacionais é relativamente reduzido, calculando-se que não de vinte devam estar ainda em serviço. É possível que política russa de retomar os vôos de reconhecimento de longo alcance, fora das fronteiras do país, prolongue a vida operacional desse equipamento.

Dados técnicos do Tupolev Tu-95 “Bear”
Tipo: Bombardeiro estratégico de longo alcance com capacidade nuclear/reconhecimento estratégico

Ano de entrada em serviço: 1957

Comprimento: 49,50 metros
Envergadura: 51,10 metros
Altura máxima: 12,12 metros

Motores/potência: 4 Kuznetsov NK-12MV turbo-hélices movendo helices hexa-pá contra-rotativas, gerando 14.795 shp cada
Peso máximo na decolagem: 188.000 quilos
Velocidade de cruzeiro: 704 km/h
Velocidade máxima operacional: 925 km/h
Alcance (km): 12.550
Teto de serviço: 13.500 metros

Armamento: 2 canhões GSh23 23 mm numa torre à ré, com capacidade de 3000 salvas por minuto, operada manualmente

Até 9.000 kg de armamentos, configurados segundo a missão designada

O Tupolev Tu142 “Bear F” é um desenvolvimento do Tu-95. Também dotado de quatro turbo-hélices, suas funções são especializadas: plataforma de longo alcance, dedicada à guerra anti-submarina. Como o Tu-95 antes dele, o Tu-142 veria uma longa vida ativa, continuando em serviço hoje em dia.

O Tu-142 “Bear-F” surgiu em 1972. Teve a fuselagem alongada em relação à série Tu-95, de forma a receber um poderoso radar de busca, montado num radome ventral. Este radar é o centro do sistema de armas destinado a localizar e combater submarinos e navios de superfície. O Tu-142 conduz armas anti-submarinas que podem incluir lançadores de minas anti-navio, torpedos e bóias sonoras. Uma outra versão do Tu-142, denominada “Bear J” foi identificada como uma plataforma de comunicações entre submarinos por observadores da OTAN.

A Índia é o único operador estrangeiro conhecido da série Tu-142. A produção da série terminou em 1994.

Dados técnicos do Tupolev Tu-142 “Bear F”
Tipo: Aeronave de combate anti-submarino de longo alcance

Ano de entrada em serviço: 1972

Tripulação: 11-13

Armamento: 2 canhões GSh23 23 mm numa torre de controle remoto à ré, com capacidade de 3000 salvas por minuto

Até 9.000 kg de armamentos, configurados segundo a missão designada

Motores/potência: 4 Kuznetsov NK-P12M turbo-hélices movendo helices hexa-pá contra-rotativas, gerando 15.775 shp cada

Velocidade maxima: 855 km/h

Alcance: 12.000 km
Teto de serviço: 11.000 metros

Comprimento: 53,07 metros
Envergadura: 50,04 metros
Peso vazio: 91.800 quilos

Peso máximo na decolagem: 185.000 quilos

tu142_5.jpg

Assistam agora a um filminho mostrando diversos ângulos de um Bear F em vôo de reconhecimento de longo alcance. Todo o vôo é documentado. O modelo 142 é identificável pelo enorme probe de reabastecimento em vôo (o reabastecedor é um Antonov). A parte realmente interessante é quando dois F-16 Fighting Falcons noruegueses chegam para a “paquera” usual. Quem disse que o velhinho não é charmoso?

 

 

5 pensamentos sobre “Um sistema de armas às terças:: Tupolev Tu-95/142 Bear

  1. Bitt,

    Ficou ótimo o texto acoplado às resenhas iniciais. Atualiza o assunto. E parabéns pelo texto bem-humorado! Só lamento ser a mesma zebra de sempre quando se trata de falar sobre armas…:((

  2. Albinha, sds!
    Zebra? Bem, não acho. Estou preparando outro Jornal PArticular pra sexta… E, sabe do pior? Estou começando a gostar dessas coisas! :c) Gostou do filminho? Tive de ver 15 ou 20 até encontrar um legal…

  3. Bitt,

    Tambem gostei das noticias dando a introducao para o texto principal, atualiza e fica muito mais interessante a leitura que se segue. Principalmente, para quem, como diz a Alba, seja uma zebra quando o assunto e sobre armas.

  4. Ora então vc está de site novo? Li o seu comentário sobre os “obsoletos” aviões russos e concordo plenamente. Ainda no anos 90 lembro que li sobre a dificuldade que é considerar um avião militar realmente obsoleto. E concordo que o Bear cai num desses casos, apesar de barulhento ainda cumpre plenamente sua tarefa.

    Agora sobre a suposta interceptação. Não seria mais um caso de sensacionalismo. Fiquei imaginando se não era simplesmente um vôo de patrulha passando pela brecha GIUK acompanhando por suas paqueras (risos) inglesas como nos anos 80. No fundo o ministério inglês deve ter adorado a desculpa para pleitear mais fundos e manter as unidades de resposta rápida em funcionamento.

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